A agenda do dia traz eventos econômicos relevantes, como rodada de CPI na zona do Euro e na Inglaterra, em dia que antecede decisão de política monetária no velho continente. Nos Estados Unidos, dados sobre o setor imobiliário, um dos principais focos da resiliência da inflação no país, ficam no radar do investidor. No cenário doméstico, sai o IGP-10 e seguem os desdobramentos em relação ao fiscal, com repercussão de novas falas de Haddad e Lula.
ÁSIA E PACÍFICO
As bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em baixa nesta quarta-feira, enquanto investidores seguem à espera de possíveis estímulos de uma reunião de líderes chineses que está em andamento. Na Oceania, por outro lado, o mercado de Sydney renovou máxima histórica.
Na China continental, o índice Xangai Composto recuou 0,45% e o menos abrangente Shenzhen Composto teve perda de 0,78% em meio à queda de ações de petrolíferas e do setor de alumínio. Nos últimos dias, os mercados locais operaram na expectativa de que o Partido Comunista chinês anunciasse novas medidas de estímulo durante reunião de quatro dias que termina amanhã, o que ainda não se concretizou.
Em outras partes da Ásia, o japonês Nikkei caiu 0,43%, pressionado por ações ligadas a eletrônicos, enquanto o sul-coreano Kospi cedeu 0,80% e o Taiex recuou 0,95% em Taiwan. O honconguês Hang Seng, por sua vez, garantiu alta marginal de 0,06%.
Já a bolsa australiana, a principal da Oceania, ignorou o viés negativo da Ásia e garantiu novo recorde, o terceiro nos últimos quatro pregões. O S&P/ASX 200 avançou 0,73% ao patamar inédito de 8.057,90 pontos, impulsionado principalmente por ações do setor imobiliário e de tecnologia.
EUROPA
As bolsas no velho continente operam no campo negativo durante todo este início de quarta-feira, repercutindo os índices de inflação na região e assumindo tom de espera na véspera de decisão de política monetária por lá.
No Reino Unido, o CPI trouxe números alinhados às expectativas dos analistas e no mesmo patamar da medição do mês anterior, bem como os números da zona do euro. No núcleo, ambos apresentaram um avanço em relação à medição de junho referente ao mês de maio e acima do esperado pelo mercado.
Às 06:57, o Stoxx 600 recuava 0,54%, o inglês FTSE caia 0,15% e o alemão DAX perdia 0,35% do valor de mercado. Na França, o tom negativo é o mesmo, com o índice parisiense CAC40 retrocedendo 0,33%.
EUA
Os índices futuros das bolsas de Nova York operam em baixa na manhã desta quarta-feira, com destaque negativo para o Nasdaq Composto, após mais uma rodada de ganhos em Wall Street ontem, com recordes do Dow Jones e do S&P 500, enquanto investidores aguardam comentários de dirigentes do Federal Reserve, dados da produção industrial americana e mais balanços corporativos, incluindo da Alcoa e da United Airlines. Às 06:59, no mercado futuro, o Dow Jones caía 0,18%, o S&P 500 recuava 0,69% e o Nasdaq perdia 1,19% do valor de mercado.
Alguns analistas consideram haver uma grande possibilidade de uma migração de capital do setor de tecnologia, que experimenta altas impressionantes nos últimos tempos com a inteligência artificial no foco, para setores mais sensíveis à taxa de juros mais baixas e que vinham estagnados à algum tempo, como a indústria, setor bancário e consumo.
BRASIL
O Ibovespa chegou a zerar as perdas do dia no meio da tarde, mas não conseguiu virar para o positivo, após rara sequência de 11 altas que colocou os ganhos acumulados na primeira quinzena do mês em 4,37%. O primeiro ajuste negativo deste julho foi discreto, com o índice em baixa de 0,16%, a 129.110,38 pontos no fechamento da sessão. Ainda moderado, o giro ficou em R$ 17,9 bilhões. No mês, o Ibovespa sobe agora 4,20%, limitando a perda do ano a 3,78%.
Com o minério de ferro em baixa de quase 1% em Dalian e de 1,55% em Cingapura, Vale, que anunciou o relatório de produção do segundo trimestre após a sessão desta terça-feira, encerrou no negativo (ON -1,05%), em dia de retração para outro peso-pesado do índice, Petrobras (ON -0,51%, PN -0,26%).
Por outro lado, as ações dos maiores bancos foram bem na sessão, com destaque para Santander (Unit +1,55%) e Bradesco ON (+0,70%). Na ponta ganhadora do Ibovespa, Gerdau (+2,15%), ISA CTEEP (+2,09%) e SLC Agrícola (+2,06%), com Pão de Açúcar (-7,94%), Magazine Luiza (-4,88%) e Cogna (-4,15%) na fila oposta.
No campo político, Haddad minimizou as declarações do presidente sobre a necessidade de ser convencido a cortar gastos e sobre não haver problema em déficit de 0,1% ou 0,2% nas contas públicas. O ministro disse que a divulgação da fala do presidente ocorreu de forma “descontextualizada”, e reiterou o compromisso de Lula com o cumprimento do arcabouço fiscal.
“Não tinha visto a entrevista ainda, liguei para a Secom (Secretaria de Comunicação) e pedi a íntegra da resposta”, disse Haddad a jornalistas. “…O problema é que, quando você solta uma frase descontextualizada, gera desnecessariamente uma especulação em torno do assunto…”
“…A lei é deste governo. Ele (Lula) falou `vou fazer o possível para cumprir o arcabouço fiscal porque não cheguei agora na presidência, já tenho dois governos entregues e aprendi a administrar as contas da minha casa e do País com a mesma seriedade e tranquilidade‘”, relatou Haddad. O ministro também disse que um déficit primário de 0,1% ou 0,2% estaria dentro da banda de tolerância permitida pelo arcabouço.
Por sua vez, Lula disse que “Tem que estar convencido se há necessidade ou não de cortar (gastos) ”. Ele acrescentou que os números mostram que a economia do Brasil vai bem, e que “a única coisa que não está controlada é a taxa de juros”.
CÂMBIO
O dólar à vista encerrou em baixa de 0,28%, cotado a R$ 5,4294. Na semana, a moeda está praticamente estável (-0,03%). No mês, apresenta queda de 2,84%. Apesar de apreciação consistente em julho, o real ainda tem desempenho inferior à de seus principais pares entre divisas emergentes, como os pesos mexicano, chileno e colombiano. Analistas afirmam que o quadro fiscal doméstico limita o fôlego da moeda brasileira.
Hoje, a divisa americana opera em baixa ante outras moedas fortes, com a libra e o euro impulsionados por dados da inflação acima do esperado. Nos EUA, será divulgada atualização da produção industrial e são esperados comentários de dirigentes do Federal Reserve.
COMMODITIES
Os contratos futuros do petróleo operam dentro da neutralidade neste início de pregão, sustentados por relatos de que os estoques de petróleo bruto dos EUA medidos pelo American Petroleum Institute (API) tiveram queda de 4,4 milhões de barris na semana passada e cedendo devido à fraqueza do dólar no cenário global. Nas próximas horas, o Departamento de Energia dos EUA publica levantamento oficial sobre os estoques de petróleo e derivados do país.
Já o minério de ferro fechou em mais uma forte queda na última janela de verificação em Dalian, cotado a 805 yuanes (-2,66%), enquanto o investidor aguarda por notícias de estímulos da reunião de líderes chineses que ocorre esta semana e termina amanhã.
AGENDA
03:00 – CPI (ING)
03:00 – CPI Núcleo (ING)
06:00 – CPI (EUR)
06:00 – CPI Núcleo (EUR)
08:00 – IGP-10 (BRA)
09:30 – Licenças de Construção (EUA)
09:30 – Construção de Casas Novas (EUA)
10:15 – Produção Industrial (EUA)
10:35 – Discurso de Christopher Waller, Membro do FOMC (EUA)
11:30 – Estoques de Petróleo Bruto (EUA)
11:30 – Estoques de Petróleo em Cushing (EUA)
14:00 – Leilão de Títulos de 20 anos (EUA)
14:30 – Fluxo Cambial Estrangeiro (BRA)
15:00 – Livro Bege (EUA)
20:50 – Balança Comercial (JAP)